Gravidez e Pós parto: desejado ou enfrentado?!
Em determinada fase da vida, mulheres costumam ouvir dos familiares, parentes, amigos e colegas, na conversa informal e descontraída diversas cobranças, um dos exemplos é aquela típica pergunta: "Quando se casará?" E quando isso acontece, geralmente a próxima pergunta é: "Quando terá filhos?" Parece que esta cobrança social não cessa, percebo que muitas mulheres acabam sendo levadas por esses padrões externos do que “deveria” ser feito ou seguido. A gravidez costuma ser um tema tratado de diferentes formas, há mulheres que sonham engravidar, há outras que não tem esse mesmo desejo e ainda há aquelas que nem pensaram sobre essa questão. Muitas de nós, mulheres, fomos estimuladas a tratar com carinho este tema, desde a infância, nas brincadeiras com bonecas, no cuidado com crianças mais novas, no brincar de casinha, de mamãe e filhinha, empurrando o carrinho de bebê, nos desenhos, nos filmes infantis, no mundo do faz de conta, mas na realidade a escolha de se tornar mãe é muito mais séria do que se pode idealizar, fantasiar e imaginar.
Na gravidez ao longo dos meses, a mulher, gradativamente, vai se adaptando às mudanças externas e internas que acontecem. É como se uma avalanche de alterações aparecesse a cada semana. Transformações no corpo como dores nas mamas, cólicas, mais vontade de urinar, enjoos, vômitos, olfato e paladar mais aguçados, alterações no intestino, tornando-o devagar, tendo constipações e no estômago, deixando a digestão mais lenta, são alguns dos exemplos. No humor, passa do riso ao choro com facilidade, há um aumento em sua sensibilidade, por conta da variação hormonal e com isso, fica mais à flor da pele. Sua disposição também se modifica sentindo muita sonolência, podendo afetar sua atividade sexual. Além do que, a ambivalência nesse período costuma estar presente, as grávidas podem sentir que alternam entre querer e não querer o bebê, desejar e não desejar a gravidez com todas essas mudanças.
Essa alternância de sensações também costuma permanecer após o nascimento. Por um lado, sente um alívio pelo parto ter acontecido, por ter passado o momento de dar à luz e por constatar que o bebê nasceu e está saudável. Por outro lado, seu corpo está modificado, a barriga fica vazia, flácida, diferente. Pode deparar-se não só com um vazio físico como também emocional. A atenção que era voltada para a grávida agora é lançada para o bebê, ela é tratada não mais como filha e sim como mãe, pode receber um turbilhão de sugestões e críticas de como lidar com o bebê, como desenvolver a maternidade e a maternagem. Muitas vezes, sentimentos de frustração surgem com o filho, pelas expectativas de que fosse de um determinado sexo, que tivesse um determinado jeito ou pela aparência física. Os pais ao se depararem com o bebê, pequenino, desprotegido e dependente dão-se conta do compromisso que adquiriram para a vida toda, isso pode abalá-los tornando-os vulneráveis, fragilizados e assustados.
A parturiente percebe que não há tempo para cuidar de si e a possibilidade de falhar como mãe pode assombrá-la. Uma das grandes angústias após o parto é a questão da amamentação, ela pode se questionar se terá leite suficiente e se o bebê aceitará. Outra preocupação é como lidar com as responsabilidades no cuidado com o bebê, os deveres aumentam juntamente com a insegurança, o medo de não corresponder às expectativas que possui da figura de mãe idealizada e o medo da morte também costumam ser muito comuns.
Além de todas essas mudanças com o nascimento do bebê, também nasce um novo olhar da mãe para essa “pessoinha” dependente, a relação simbiótica se constitui, mãe e bebê se tornam um, a mãe se esquece de si mesma como mulher, profissional, esposa e tantos outros papéis que desempenhava para viver boa parte do tempo em função do filho e da nova rotina. Percebe que sua vida mudou ao longo da gravidez, principalmente depois do nascimento e pode não reconhecer-se mais, afinal, precisou abrir mão da mulher que era antes de todas essas modificações acontecerem. De algum modo, ela também precisa lidar com esse processo de transformação, de finalização de um ciclo para abertura e nascimento de outro ciclo. Isso requer tempo, é um processo solitário, doloroso, pouco compreendido, raramente compartilhado e falado que demanda atenção.
O estresse físico e emocional vivido no parto, o não reconhecimento do corpo que possui, as mudanças em sua vida, além da alteração na dinâmica do casal ou mesmo da família em que a parturiente está inserida aumentam sua fragilidade contribuindo, assim, para o surgimento da depressão pós parto ou do baby blue. Portanto, é primordial considerar a delicadeza e complexidade desse período. O apoio de familiares e de amigos se torna imprescindível para auxiliá-la a exercer suas atividades maternas e outras tantas, podendo ajudá-la a ter momentos de descanso e acolhimento diante dessas modificações em sua rotina. O cuidado se torna essencial.
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